Aprendendo a "ser pai"
- Pr. Diego Batista | Líder do JUAD
- 2 de ago. de 2018
- 4 min de leitura
A paternidade é uma tarefa que existe há muito tempo, e que carrega consigo algumas características histórico-sócio-culturais, formando, pelo exemplo, um indivíduo que levará uma marca positiva ou negativa para o resto da vida. A função paterna pode ser exercida por alguns personagens de uma família, por exemplo: tio, irmão, avô, amigo, mãe, mas o ideal é que seja o pai biológico mesmo. Essa função, sendo exercida de maneira adequada, colabora para a construção de uma vida.
Portanto, o aprendizado de “ser pai” leva em consideração o ensino-estudo sobre o assunto, ou seja, esse conhecimento é construído pelos exemplos que tivemos e pelo quanto buscamos aprender dessa função. Mas é a prática de “ser pai” que dá vida a esse acúmulo de teorias.
Aqui compartilho brevemente algumas experiências que podem lhe ajudar a pensar no tema. Vou tratar o assunto por “tempos”, para que você entenda este elemento como chave nessa aventura de “ser pai”.
Tempo de planejamento: sim, planejar a vinda de um ser humano ao mundo é muito importante, pois ele vai interferir diretamente na história da humanidade, e isso não é brincadeira, apesar de trazer muita alegria. Portanto, use de tempo para planejar.
Tempo de gestação: esse período é muito importante para a mãe e o bebê em formação, para que os dois tenham condições de desenvolvimento saudável física e emocionalmente. E aí entra o pai, fornecendo suporte, carinho, segurança e compreensão. Detalhe: aqui parece que ainda não nos “ligamos” ao que está acontecendo.
Tempo de nascimento: é aqui que "o bicho pega" e você se liga! Fazer parte desse momento é maravilhoso, sofrendo junto com as dores, dando suporte e ânimo, nem que seja apenas segurando a mão de sua mulher. Ah, se você é daqueles que tem problema com sangue, sugiro que se prepare para manter o equilíbrio emocional.
Tempo de recém-nascido: a prática nem sempre é como a teoria! Aqui você vê a necessidade de ter oito braços para segurar todos os membros dessa criança (na verdade precisa só de dois braços mesmo). Nesse momento, não basta ser pai: tem que colocar para arrotar após a amamentação; tem que limpar o resto de leite que volta quando eles bebem demais (que tem cheiro de azedo); tem que aquecer a água para dar banho com todo cuidado (e o medo de deixar a criança cair na água); tem que limpar bem o “coto” (pedaço de cordão umbilical que a gente acha que dói, mas não dói); tem que cuidar o movimento da barriga para verificar se o bebê está respirando (isso é bem coisa de pai); tem que limpar o cocô (que fede mesmo); passar pomada e trocar a fralda (nunca fica do jeito que você gostaria); tem que acordar junto na hora da amamentação que acontece várias vezes na noite (nem que seja para olhar para mulher e dar aquele apoio moral, tipo: "você consegue e eu estou aqui querida").
Tempo de brincar: nesse momento desconstrua suas teorias pré-estabelecidas sobre brincar e seus limites adultos para brincadeiras, pois tudo se torna brinquedo, e várias são as possibilidades e situações para esse acontecimento. Não importa se você está cansado ou preocupado com os compromissos, seu filho(a) precisa de você para criar e inventar.
Então vamos lá: montar pecinhas de lego e outras peças que nem se encaixam; pintar com tinta, lápis e giz inúmeras folhas onde você não vê sentido algum naquilo que eles dizem ser um sol, borboleta, etc; fazer comidinha “de continha”, comer e se sentir satisfeito com ela; montar casinha com travesseiros, cobertas e o que mais tiver por perto; vestir bonecos e bonecas, e fazer uma grande festa de aniversário decorando o nome de todos eles; pular; correr; saltar; andar de bicicleta; jogar bola; se sujar; ufa!
Tempo de tecnologia: fato é fato e não muda, o que muda é nosso pensamento e sentimento em relação ao fato. E o fato é que a tecnologia faz parte da nossa vida e da vida de nossas crianças. Logo, precisamos olhar desenhos, filmes, vídeos, livros com eles, definindo se aquele conteúdo é adequado para o desenvolvimento de nossos filhos, mostrando o que é bom, colocando limites no tempo de uso dessas ferramentas.
Tempo de ensinar princípios e valores: demonstrar, através de atitudes, alguns compromissos. Com a casa e ambientes: limpando e organizando; com as pessoas: ajudando e respeitando; com os sentimentos: sorrindo e chorando; com a igreja: participando das atividades e cultos; com Deus: orando e lendo a bíblia, ensinando que Deus e Jesus são nosso maior e melhor modelo de Pai e Filho. Esse tempo ocorre constantemente nos nossos relacionamentos, pelos lugares por onde transitamos com eles.
Concluindo, tempo de qualidade e quantidade, com boa intenção, esforçando-se e com muita concentração, com firmeza, afeto, respeito e amor, cooperando para o desenvolvimento de uma pessoa que possa se tornar um filho(a) de Deus, com boa autoestima e altruísmo. Ensinando a criança o caminho em que deve andar, ou seja, junto com ela, para que mesmo depois de envelhecer, ela não se desvie dele. Aprenda, “sendo pai”.

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