Violência doméstica e religião
- Raquel Wieland | Bacharelanda em Teologia e Pós
- 9 de ago. de 2020
- 2 min de leitura
“A religião, durante muitos anos, foi um campo de investimento e atuação predominantemente masculina, a inserção de uma porcentagem significativa de mulheres nas áreas das Ciências da Religião e Teologia, tem promovido a abertura para uma nova percepção do cenário religioso pensando no papel da mulher neste campo.”
A religião tem grande potencial e poder simbólico enorme na relação com as pessoas. Esse poder pode tanto conformar as relações de sobreposição e submissão, dando validade à violência sexista, como pode estar vinculado a discursos e práticas socioeducativas e religiosas de autonomia do sujeito e superação de relações de submissão e da violência, contribuindo de forma expressiva para a superação dessa agressão.
Apesar disso, podemos perceber que as religiões promovem, refletem ou dão legitimidade à violência e à submissão das mulheres, sejam pelos símbolos, imagens, ritos e discursos religiosos, pelos textos bíblicos, pelas respectivas interpretações, ou pelas práticas de exclusão e discriminação sexista. A religião tem, deste modo, um papel decisivo na produção e na reprodução de violência simbólica, e pode servir de legitimadora ou de conivente da violência contra as mulheres. E, além de calar sobre a própria violência produzida ou legitimada, também santifica.
No Novo Testamento, encontramos textos que fazem parte de uma doutrina e regras de comportamento ou deveres referentes às relações de gênero e também nas relações das diferentes camadas sociais. Esses textos são utilizados nos discursos religiosos para dar legitimidade à submissão da mulher ao seu companheiro e também dar legitimidade à violência de gênero.
Não é de se admirar, que não só na geração greco-romana, mas atualmente, a Bíblia é utilizada para legitimar essa violência, sendo ignorados os textos que dão legitimidade à igualdade entre os seres humanos.
É importante ressaltar que quando a igreja não discute gênero e age como se a violência doméstica não existisse, ela nega o que está escrito em João 10.10 quando Jesus assim nos diz: “... eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância.” Jesus quer vida em abundância para todas as pessoas, desta forma, nos cabe zelar pela vida de todas as pessoas.

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