Viver ou existir?
- Ap. Nelsi José Rorato
- 16 de dez. de 2016
- 4 min de leitura
A grandeza do reino dá sentido à nossa existência
Por mais estranho que pareça, existem pessoas que não pensam muito sobre a vida que levam. Trabalham, estudam, casam-se, têm filhos e vivem a sua sequência de dias dentro do estabelecido como normal, quando muito fazendo planos materiais, como o local da próxima viagem ou a aquisição de algum bem. São levadas pelo que entendem ser o certo, sem se questionar sobre como ou por que fazem o que fazem.
Chamo isso de piloto automático.
E os que se convertem?
Não muda muito. Na realidade deveria ser completamente diferente, uma vez que ser “nova criatura” é o resultado esperado. Porém, o sistema religioso conseguiu maquiar o real significado de conversão, transformando-a numa troca de religião corriqueira. Apenas isso. Troca-se uma religião por outra. Outra instituição. Outros ritos. Outros compromissos. Outra comunidade local. Qual a coisa mais cômoda a se fazer? Automatizar. E lá vai o cristão frequentar a igreja regularmente, levantar as mãos quando pedem, dizimar a cada mês, servir como voluntário...
Ele não sabe, mas está longe da vida abundante a que Jesus se referiu. Porque ao viver no piloto automático, deixou de pensar no significado de sua existência.
As questões existenciais são difíceis? São. Muitos filósofos passaram a vida tentando concretizar respostas, mas suas vozes soam distantes e etéreas. Quem consegue responder, de pronto, à pergunta: quem sou eu? Não tem a ver com o que você faz, mas com quem você é, existencialmente. De onde eu vim? A pessoa que não sabe de onde veio se deixa levar e desconhece a capacidade que tem.
Você deve estar se perguntando: quem consegue facilitar as questões existenciais, então? Onde estão as respostas prontas?
Até parece... Deus nos dá tudo como seme
nte e o desenvolvimento é a chave. Mas nesse caso específico Ele facilitou sim, enviando Jesus, por quem, para quem e de quem são TODAS as coisas. Este foi ainda mais claro na mensagem: Seu Reino.
Jesus começou seu ministério anunciando: arrependei-vos porque é chegado o Reino de Deus. João Batista O anunciou dizendo: arrependei-vos porque está próximo o Reino de Deus. Você sabia que Jesus falou mais em Reino do que em amor ou pecado?
A palavra Reino é a palavra chave do Novo Testamento. Reino de Deus é governo de Deus. A religião (os religiosos) não conseguem entender isso. Quando abrem os evangelhos procuram pelos milagres de Jesus; quando vão para as cartas de Paulo, procuram as guerras espirituais e alguns embates que ele enfrentou. Buscam inspiração nesses milagres e guerras, mas nunca no governo de Deus.
Cristo nos ensinou a orar assim: venha o teu Reino, seja feita a Tua vontade assim na terra como é feita no céu. Então, o Reino de Deus é para ser vivido aqui e agora. Não é algo que você terá só depois que passar dessa vida. E mais: o Reino deve vir antes de todas as coisas.
Antes de Deus instituir a família ele instituiu um desígnio, um propósito para cada um. A família vem para cumprir esse chamado, nunca para atrapalhar. Quando colocamos a vontade de Deus, o governo d’Ele sobre nossa vida, tudo se ajusta: vida espiritual, material e social.
Posso dizer que custei a entender que a capacidade divina estava dentro de mim e cabia somente a mim tirá-la para fora. Como eu consegui? Desenvolvendo, fazendo, sendo solução onde eu estava com os recursos que eu tinha. Essa é a prática que traz sentido à existência.
As pessoas, quando conhecem o trabalho do MBCV, ficam inspiradas, querem isso para si, para sua igreja, para sua comunidade. E é meu dever lembrá-las de que não nasceu da noite para o dia, não existe fórmula mágica, é o resultado de uma semente. Pois, não adianta ter uma visão e não semear o que se quer colher. Não adianta ter fé e não colocar sua convicção em ação. Começa no governo pessoal. Do pessoal vai para família, da família vai para instituição, da instituição vai para sociedade.
Compreender sua existência - quem você é no mundo, de onde veio, a que veio, o que pode fazer, para onde vai - passa pela compreensão de seu desígnio. Os planos são do homem, mas os desígnios são do Senhor. Se você não aceitar que veio de Deus, também não vai entender Seus desígnios.
O desígnio é mais importante e mais poderoso que os planos. Ele precede os planos. Ele te conecta com a pérola de maior valor – o Reino de Deus - e quando você descobre isso, faz como o homem da parábola: vende tudo o que tem para obtê-la. Você não mede esforços para estar no propósito para o qual foi desenhado. Quanto mais você compreende isso, mais vai percebendo que a filosofia do mundo é rasa, que partidarismos arraigados e bagagens familiares cultuadas perdem o valor e ficam pequenas, pequeníssimas diante da grandiosidade do Reino de Deus.
Se eu pudesse lhe pedir algo, lhe pediria isso: não passe sua vida cristã na mediocridade. Não viva por viver, não faça só porque todos os outros estão fazendo. Descubra o seu motivo para fazer o que faz. Permita-me confrontá-lo não para acusar seu erro, mas para que você se conheça e, portanto, melhore. O que nos credibiliza diante de Deus não é ir à igreja regularmente, dizimar, servir, etc, automaticamente, mas viver na prática da justiça.
Anote aí mais essa verdade: viver na prática da justiça combate a automatização.
Um abraço,
Seu, em Cristo,
Nelsi José Rorato
Apóstolo e presidente do MBCV

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