Ele é. Isso basta.
- Jonas Fernando Müller Filho
- 13 de jun. de 2017
- 2 min de leitura
Antropopatia. É o nome dado ao que fazemos quando atribuímos sentimentos humanos a Deus. Fazemos isso sem nos darmos conta das implicações, e atravessamentos que se colocam em nosso relacionamento com o próximo, e no exercício de uma espiritualidade lúcida. Deus não sente a nossa amargura com quem nos fere, não se perde com a nossa inveja, não tem nossa dificuldade de perdoar, e não deixa de amar uma pessoa porque não gostamos dela.
Deus não quer o mal de quem errou conosco, não quer punir quem não supriu nossas exigências, não deixa de acreditar nas pessoas porque fracassaram, e não se cansa de oportunizar recomeços para quem desistiu. Deus é movido por Sua graça, não pelo nosso estado de humor. Quando deixamos de projetar Nele o que é nosso, podemos viver melhor, de forma mais sincera, mais justa e coerente. Porém, é no exercício de olhar para dentro que essa virtude se torna presente em nossa vida.
Nós aprendemos, quando entendemos onde estamos errando. Isso é possível quando avaliamos nossas ações com franqueza e sondamos as intenções que as norteiam. É difícil ser alguém melhor julgando "apenas" o erro dos outros.
É mais fácil ser alguém melhor quando aceitamos nossos erros e potencializamos as virtudes que temos. Com sinceridade e autoconhecimento se vai mais longe, e com mais qualidade. Com orgulho e amargura se vive a duras penas. Mas essas são escolhas que cada um faz ao longo da jornada. Nada disso muda quem Deus é.
Deus não deixa de ser bom quando o dia é mau. Deus não deixa de ser o caminho quando nos vemos perdidos. Deus não deixa de ser esperança quando nos sentimos desesperançados. Deus não deixa de ser paz quando estamos em crise. Deus não deixa de ser canção quando perdemos a voz. Deus não deixa de ser alegria quando a alma chora. Deus não deixa de ser o fim quando não entendemos os meios. Deus não deixa de ser o sentido quando os pés perdem o norte. Deus não deixa de ser destino quando a vida se vai. Deus não deixa de ser razão quando o coração pede amor.
O fôlego que a gente precisa para dar um passo a mais vem da certeza de que, diferentemente de nós, Ele não muda quem É de acordo com o que fazemos. Não são as circunstâncias ou as nossas posturas que definirão Seu caráter. Ele é. Isso basta.
*Jonas é Teólogo, Microseometista Irídeo e Bacharelando em Psicologia pela Unisinos

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