Mulher: um alicerce fundamental
- Pra. Graziela Gomes Raimundo | Psicóloga
- 2 de mai. de 2020
- 3 min de leitura
Será que podemos dizer que a mulher é um alicerce da casa? Antes de qualquer coisa, vamos entender o que é um alicerce. Segundo o dicionário on-line, “alicerce” se refere a algo maciço de alvenaria colocado abaixo da superfície sobre a qual se assentam as estruturas externas de uma construção, ou seja, é a base que distribuirá a carga da casa pelo terreno, possibilitando uma construção segura. No entanto, não se constrói apenas um alicerce para segurar uma casa ou um edifício, são necessários muitos alicerces distribuídos e posicionados nos lugares certos. Em uma família, não é diferente. Para que haja uma boa estrutura familiar, é necessário ter bases bem solidificadas. Podemos dizer então que a mulher não é o alicerce da casa e sim um dos alicerces fundamentais na estrutura familiar.
A mulher, há pouco tempo, era vista como frágil, dependente, sem autonomia, criada e educada para se casar, ter filhos e se tornar uma boa dona de casa. Hoje, no entanto, com as mudanças que ocorreram, a mulher vem sido reconhecida profissional e intelectualmente, tendo a possibilidade de tomar suas próprias decisões e fazer escolhas. Ocorre que essa mulher contemporânea precisa dar conta de vários papéis: ser filha, ser mãe, esposa, dona de casa e ainda uma profissional. Todos esses papéis resultam em um acúmulo de responsabilidades e podem acarretar um sentimento de sobrecarga. Ainda há uma exigência cultural de que a mulher é quem precisa dar conta de tudo relacionado à casa e à criação dos filhos enquanto, assim como os homens, cumprem sua jornada de trabalho. Apesar de muitos homens já terem se conscientizado de sua responsabilidade em dividir as tarefas domésticas e cuidados dos filhos, essa ainda não é a regra.
Ao que se refere à importância da mulher, podemos dizer que ela tem desempenhado um papel fundamental na família. Além de contribuir financeiramente no sustento do lar, ela ainda tem, como mãe, uma representação muito significativa nos cuidados com os filhos e, como esposa, na sua relação conjugal.
No entanto, como mãe, mulher, esposa e profissional precisamos estar atentas na maneira como conduzimos nossas relações. Para que tudo vá bem, cada uma de nós, em primeiro lugar, precisa estar bem consigo mesma e com a saúde mental em dia, pois se não estiver bem emocional ou psicologicamente, isso vai refletir em todos os relacionamentos.
Quanto aos filhos, sabe-se que crianças criadas por mães com transtornos psiquiátricos, como depressão ou problemas de personalidade, por exemplo, apresentam uma maior prevalência de problemas emocionais e comportamentais, assim como autoestima muito baixa. Convido você a parar um pouco, por alguns minutos, para observar como você está neste momento, como você tem se sentido nos últimos dias e a pensar em como tem agido. Você pensa antes de agir? Você consegue conversar com clareza com seu filho? Consegue ter calma em suas decisões e ações? Consegue corrigir de maneira equilibrada? Consegue impor os limites adequados? Ou tem agido no impulso? Reage ao invés de agir? Perde o equilíbrio frequentemente? Se irrita facilmente? Corrige agressivamente? Deixa seu filho fazer o que quer por medo de contrariá-lo? As vezes agimos muito no automático e não percebemos nossas ações. É importante se auto analisar e buscar ajuda se as coisas não estão bem.
Da mesma forma, precisamos refletir no nosso papel como esposa dentro do lar, lembrando que temos 50% de responsabilidade nessa relação. Para que possamos ser uma base forte na estrutura familiar, também é importante rever nossos comportamentos e atitudes na relação conjugal. Toda relação passa por oscilações devido aos conflitos, podendo levar até a um desgaste emocional. No entanto, quando conseguimos lidar com essas crises de forma construtiva, o casamento se torna mais estável e satisfatório. Elementos importantes em uma relação tem a ver com respeito, cumplicidade, compreensão, demonstração de afeto e de preocupação um com o outro, além de reconhecimento das atitudes positivas do outro. Isso se adquire com maturidade e, muitas vezes, pelas tentativas e erros no meio do caminho.
Quanto mais amadurecemos em uma relação, mais nos damos conta de que muitas vezes precisamos cuidar a maneira como fazemos as interpretações das circunstâncias, como nos dirigimos ao outro e como suportamos e aceitamos determinadas situações. Lembrando que, se queremos ter relacionamentos saudáveis com nossos filhos, cônjuge, colegas, amigos, entre outros, a base para tudo isso está no quanto conseguimos demonstrar companheirismo, cuidado, segurança, empatia e amizade. Que possamos ser esse alicerce em nossas famílias.

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